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Foto de Lucien Wanda: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pilhas-de-lixo-na-costa-2827735/

Lixo no oceano: tem solução?

O lixo segue um caminho longo até chegar aos oceanos e muitas vezes vem de lugares distantes, sem o descarte adequado, vai para os lixões que muitas vezes são próximos a cursos d’água ou são descartados em terrenos baldios, rua ou mesmo em rios, estes que terão como destino final o mar. Para se ter uma ideia do volume de lixo que chega aos mares e oceanos, a International Solid Waste Association (Associação Internacional de Resíduos Sólidos) realizou um estudo sobre poluição marinha e constatou que 25 milhões de toneladas de resíduos são despejados nos oceanos todo ano, sendo que 80% deste total são provenientes de cidades. O estudo ainda indicou que metade do lixo que termina nos oceanos é plástico, ou seja 12,5 milhões de toneladas de plástico (eCycle, 2018).

De acordo com Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE o Brasil colabora com pelo menos 2 milhões de toneladas do volume total de lixo oceânico: o equivalente à área de 7 mil campos de futebol. As previsões foram conservadoras no sentido de excluir lixões irregulares em áreas muito afastadas do mar, como o Pantanal e a Amazônia (eCycle, 2018). O volume poderia chegar a 5 milhões de toneladas se essas regiões fossem incluídas.

Segundo uma matéria publicada pela Iberdrola, existem 5 ilhas de plástico flutuantes que afetam todo ecossistema marinho, um exemplo é a ilha de lixo do Pacífico Norte que tem uma extensão do tamanho da França, Espanha e Alemanha juntas. É um resultado de mais de seis décadas de descarte inadequado de lixo que foi parar nos oceanos. De acordo com estimativas de uma pesquisa da Universidade da Califórnia, colocamos nos oceanos 8,3 bilhões de toneladas de polímeros em termos globais. A maioria do poluente é microplástico.

 

Quais as consequências do lixo nos oceanos?

Em uma entrevista concedida para a Natura em 2019, o professor Alexander Turra (Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo – USP) alertou que “a ingestão de resíduos plásticos provoca a perfuração do tubo digestivo dos animais podendo levar à morte. Aqueles que concentram muitas partículas de microplásticos no seu interior ficam com uma sensação falsa de saciedade e não se alimentam adequadamente. Assim, eles perdem energia, capacidade de locomoção, de crescimento e reprodução, gerando seu desfiamento”. Adicionalmente, o professor disse que “as redes de pescas perdidas no ambiente marinho afetam o meio. É um fenômeno conhecido como ‘pesca fantasma’. Ela provoca a morte da fauna local e gera impacto tanto para a biodiversidade quanto para os próprios recursos pesqueiros”.

Turra finalizou a entrevista dizendo que os seres humanos também são afetados pela poluição marinha, pois ingerimos microplástico através do consumo de animais marinhos e que atualmente o microplástico pode estar presente até na água que sai de nossas torneiras.

Mas há solução para este problema?

Resolver a poluição marinha não é tarefa fácil e nem rápida, uma vez que a quantidade de produtos, principalmente plásticos, continuará a ser produzida em larga escala e educar e conscientizar pessoas também não é tarefa fácil, requer empenho, persistência e deve-se começar com as crianças. 

Para unir esforços de todos os setores relacionados ao mar, reverter o ciclo de declínio na saúde do oceano e criar melhores condições para concretizarmos o desenvolvimento sustentável, a Assembleia Geral das Nações Unidas instituiu a Década da Ciência Oceânica, que tende a contribuir e muito com conservação dos oceanos e vida marinha. Outro projeto muito interessante é o Programa Maré de Ciência, cujo coordenador é o Professor Ronaldo Christofoletti da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). A lógica é aproximar ciência da sociedade, de co-construir ciência com a sociedade e a cultura oceânica, que é entender como o oceano influencia nossa vida e como nossas ações influenciam os oceanos. Assista à entrevista com o Prof. Ronaldo AQUI.

Capa POMPA Ronaldo Christofoletti

 

A Beegreen (2019) publicou uma matéria que cita 5 projetos importantes para a diminuição de lixo no recurso hídrico, seja água doce ou salgada, sendo eles:

- Ecobarreira Arroio Dilúvio em Porto Alegre: a barreira é uma estrutura flutuante, feita a partir de materiais reciclados e que foi instalada para ajudar na preservação do Lago Guaíba, que banha cinco cidades gaúchas com alta importância ambiental, econômica e histórico-cultural da região. Desde a sua implementação, em 2016, até hoje, já foram retiradas mais de 500 toneladas de resíduos plásticos. O projeto foi pioneiro na América Latina. 

- Projeto Ecoboat/Renove: atua no Rio de Janeiro e consiste em um barco coletor de lixo. A embarcação conta com uma pá na proa, que ajuda a recolher os resíduos sólidos da água, com capacidade de até quatro toneladas de detritos.

- Ecobarreira da Escola Municipal de Recife: estudantes da Escola Municipal Professor Antônio de Brito Alves, no Recife, também decidiram criar sua própria ecobarreira. O modelo também foi desenvolvido com garrafas pet unidas por um cabo, para reduzir a quantidade de resíduos sólidos no canal do ABC, que fica em frente à escola. Eles constataram que cerca de 70% dos moradores da região não sabia quanto tempo o lixo leva para se decompor, e por isso jogava resíduos no canal.

- Seabin Project: criado na Austrália pelos surfistas Andrew Turton e Pete Ceglinski. Eles se inspiraram em máquinas que retiram folhas de piscinas para criar a Seabin, que, em termos básicos, é uma lata de lixo flutuante para capturar os resíduos do oceano. Para os idealizadores do projeto, uma grande lixeira no mar poderia ser a solução para recolher os resíduos poluentes.

- Netting Trash Trap: desenvolvido pela empresa Storm Waters System para capturar resíduos sólidos e lidar com o escoamento de águas pluviais em centros urbanos. Basicamente, são redes instaladas nas saídas de canos, para diminuir as descargas de lixo em sistemas de drenagem.

- Hoola Onefoi: desenvolvido por estudantes da Universidade Sherbrooke no Canadá pensando em remover não apenas os resíduos sólidos das águas, mas também os chamados microplásticos.

Você ainda pode contribuir para a conservação do ambiente marinho com atitudes sustentáveis, por isso: reduza o consumo de plásticos, reutilize e recicle; apoie as organizações que têm o objetivo de reduzir o plástico nos oceanos; divulgue informações e conscientize as pessoas. 

Você pode dar o primeiro passo se inscrevendo no Mês da Água do Professor Água! Acesse o site e confira diversos conteúdos educativos (entrevistas, artigos e vídeos) sobre práticas que põem em risco o futuro da qualidade da água dos oceanos e mares, e consequentemente, da vida no planeta. O mundo precisa de água, doce e salgada!

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Referências:

BEEGREEN (2019): 

https://beegreen.eco.br/solucoes-para-retirar-lixo-dos-oceanos/

eCycle, 2018: https://www.ecycle.com.br/component/content/article/9-no-mundo/6352-lixo-no-mar-oceano-lixo-oceanico-destino.html

IBERDROLA: https://www.iberdrola.com/meio-ambiente/as-5-ilhas-de-lixo-nos-oceanos

NATURA (2019): https://www.natura.com.br/blog/sustentabilidade/lixo-nos-oceanos-como-acabar-com-esse-problema-e-reverter-os-impactos

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