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Imagem de svklimkin por Pixabay

Agricultura regenerativa: o que é e como pode ajudar?

Você já ouviu falar sobre agricultura regenerativa? O termo parece interessante e sem dúvidas é uma alternativa que traz diversos benefícios ao meio ambiente ao mesmo tempo que contribui para a produtividade agrícola! 

A agricultura regenerativa foi introduzida em 1983 pelo americano Robert Rodale, e trouxe consigo a necessidade de restabelecer os sistemas naturais em áreas agrícolas, mas priorizando o bom manejo e saúde do solo (EXAME, 2023). 

“A agricultura regenerativa é vista como o caminho para a redução dos impactos ambientais e considerada a técnica do futuro para o agronegócio” (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo – FAESP, 2022).

 

Os 5 princípios básicos da agricultura regenerativa são (FAESP, 2022):

  • Preservar e tornar mais fértil o solo;
  • Aumentar a infiltração de água;
  • Aumentar a preservação da biodiversidade;
  • Aumentar a capacidade de sequestro e estoque de carbono no solo;
  • Produzir alimentos que ofereçam segurança alimentar e contemplem requisitos socioeconômicos satisfatórios.

Além disso, a agricultura regenerativa tem como principais práticas (ECYCLE):

  • Rotação de culturas ou cultivo sucessivo de mais de uma planta na mesma terra;
  • Cobrir o cultivo ou o plantio o ano todo, para que a terra não fique em pousio durante as entressafras, o que ajuda a evitar a erosão do solo;
  • Cultivo conservador, ou menos aração de campos;
  • Pastagem de gado, que estimula naturalmente o crescimento das plantas;
  • Diminuição do uso de fertilizantes e pesticidas;
  • Nenhum (ou limitado) uso de Organismos Geneticamente Modificados para promover a biodiversidade;
  • Aumentar a preservação da biodiversidade;
  • Aumentar a capacidade de sequestro e estoque de carbono no solo;
  • Bem-estar animal e práticas justas de trabalho para os produtores.

Há algumas diferenças em relação a agricultura orgânica, agroflorestal e agricultura regenerativa, embora as três vertentes foquem em cultivos que também priorizem o bem-estar ambiental e mais cuidado com o solo: a agricultura orgânica é uma prática que foca na sustentabilidade; a agrofloresta é uma prática que produz alimentos em harmonia com a floresta; a agricultura regenerativa engloba diversas práticas agrícolas (dentre elas a agrofloresta) e tem como objetivo primordial a regeneração do solo por mitigação climática (VILLELA, 2021 – GLOBO.COM).

 

Agricultura regenerativa vale a pena?

Uma matéria publicada na Exame (2023) trouxe a informação que de acordo com o Fórum Econômico Mundial “o setor agrícola é o segundo maior emissor mundial de emissões de gases de efeito estufa, depois do segmento de energia”. É preciso parcerias eficazes, investimentos e tecnologias para mitigar esse problema, sendo a agricultura regenerativa uma opção.    

As alterações climáticas são cada vez mais evidentes, embora isso já tem um histórico longo, e vemos cada vez mais acontecimentos de extremos: longos períodos secos e chuvas intensas que conduzem a inundações. Para estes dois extremos as consequências podem ser (e são na maior parte dos casos) devastadoras, dentre os diversos problemas pode-se observar que as plantas não suportam o longo período sem água e também não sobrevivem a alagamentos. 

Segundo o EOS Data Analytics (2021) “a agricultura regenerativa combate às secas com matéria orgânica, famosa pela sua capacidade de retenção de água e pelo aumento da fertilidade do solo. A agricultura de plantio direto contribui para o sequestro de carbono.”

Alguns benefícios que fazem a agricultura regenerativa valer a pena são listados abaixo: 

  • Apoia as necessidades alimentares globais;
  • Elimina as emissões de gases de efeito estufa;
  • Ajuda a combater as mudanças climáticas;
  • Há aumento de rendimento e valor nutritivo;
  • Ajuda às economias locais;
  • Regenera pastagens.

Exemplos de casos

Natura (VILELLA, 2021): uma das principais empresas brasileira dos cosméticos naturais, tem apoiado iniciativas de Agrofloresta em Tomé Açu, no Pará, com a cooperativa agrícola CAMTA (Cooperativa Agrícola Mista de Tomé Açu), Embrapa e iCRAF no desenvolvimento do projeto SAF Dendê, que visa produzir óleo de palma consorciado com cacau, açaí, castanha e outras espécies. Ela está adotando as práticas da agricultura regenerativa. 

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Fonte: Canva Pro

Yara (EOS DATA ANALYTICS, 2021): multinacional norueguesa de fertilizantes, também entendeu que é parte do seu trabalho apoiar os agricultores a reduzirem as emissões de gases de efeito estufa e proteger o solo, ao mesmo tempo em que mantêm os rendimentos necessários e a qualidade das colheitas. Para a companhia, inovações revolucionárias para acelerar a agricultura regenerativa incluem soluções de agricultura digital, análises de saúde do solo, nitratos verdes e de baixo carbono e fertilizantes orgânicos. 

Nespresso (VILELLA, 2021): O programa de Qualidade AAA da Nespresso pretende avançar na agenda de agricultura regenerativa dentro de sua cadeia de fornecedores no Brasil. Muitos produtores estão sendo impactados pelas mudanças climáticas, tendo baixa produtividade e secas mais extensas. A reNature, Rainforest Alliance e Imaflora estão hoje apoiando a Nespresso na transição de suas práticas além de monitorar impactos socioambientais. 

Unilever (EOS DATA ANALYTICS, 2021): a empresa diz estar comprometida com investimentos na transição para a agricultura regenerativa. “Isso significa cultivar de forma a melhorar a saúde do solo, a biodiversidade, a eficiência hídrica, a resiliência climática e reduzir as emissões de gases de efeito estufa”, explica Dorothy Shaver, chefe global de sustentabilidade da unidade de nutrição da Unilever. Shaver comenta que a companhia implementou os “Princípios de Agricultura Regenerativa”, com um roteiro de 90 projetos até 2026. 

Um sistema de produção desenvolvido na agricultura regenerativa brasileira foi a Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sendo que em uma mesma área, se produz alimento, fibra, madeira e até mesmo energia, aumentando assim a produtividade. Alguns benefícios são a diminuição dos custos de produção e do impacto ambiental, além disso estima-se que este sistema reduz entre 20 e 30% as emissões de gases de efeito estufa e ainda sequestra cerca de 8 toneladas de CO2 por hectare ao ano (EOS DATA ANALYTICS, 2021).

A agricultura regenerativa é uma alternativa promissora para melhorarmos a qualidade do solo, gestão da terra e ainda promover a conservação do meio ambiente! 

Fonte:

ECYCLE

EXAME, 2023

FAESP, 2022

EOS DATA ANALYTICS, 2021

VILLELA, 2021 – GLOBO.COM