Pernambuco: Onde a Sustentabilidade Ganha Escala e Inspira o Brasil
*Artigo escrito por Everton de Oliveira, Diretor do Instituto Água Sustentável.
Para mim, os desafios das mudanças climáticas e do desenvolvimento sustentável no Brasil são incrivelmente diversos, assim como o nosso território. Mas a boa notícia é que estamos vendo respostas concretas e verdadeiramente inspiradoras surgirem em diferentes regiões, e poucas me parecem tão emblemáticas quanto o que está acontecendo em Pernambuco.
Desde os manguezais que protegem a nossa vida costeira, onde vejo os catadores de caranguejo e guaiamum perpetuarem tradições e sustentarem suas famílias, até os centros urbanos que se reinventam com o uso de energia limpa, Pernambuco está construindo um modelo de desenvolvimento que alinha descarbonização, regeneração ambiental e uma tão necessária inclusão social. E não apenas com ações isoladas, mas com uma rede coordenada de esforços que une empresas, instituições, o poder público e a sociedade civil. É essa articulação que me impressiona.
Esse movimento, que tanto me motiva, ganha força e visibilidade no Pernambuco Carbon Summit. Para mim, este encontro vai muito além de painéis e palestras. Ele é o reflexo de uma articulação estratégica entre setores que finalmente entenderam algo fundamental: para enfrentar os desafios climáticos de forma eficaz, ninguém pode agir sozinho. É nesse espaço que líderes empresariais, representantes do governo, universidades e organizações sociais constroem pontes, definem metas e assumem compromissos reais, transformando intenções em resultados tangíveis.
Em Pernambuco, sinto que a descarbonização não é apenas uma meta distante. Ela se traduz em práticas que eu vejo acontecer no dia a dia: empresas migrando para matrizes energéticas renováveis, como a eólica e solar, algumas operando exclusivamente com energia limpa. Cidades do interior estão instalando painéis solares em prédios públicos e adotando veículos elétricos. Complexos industriais estão adotando metas rigorosas de eficiência hídrica e energética. Tudo isso mostra que a transição é viável e vantajosa, gerando empregos e estimulando o desenvolvimento local.
Imagem ilustrativa- Foto de Pixabay
Essas iniciativas não acontecem isoladamente. O que percebo como grande diferencial é a capacidade de articulação. O que vemos em Pernambuco é uma abordagem sistêmica, onde cada setor se conecta e se apoia para gerar um impacto coletivo maior. E é justamente essa sinergia entre inovação tecnológica, compromisso institucional e engajamento comunitário que, no meu ponto de vista, vai transformar o estado em um modelo de desenvolvimento regenerativo em escala real.
Além disso, o estado tem investido na valorização dos ativos naturais e culturais, algo que considero crucial. Ecossistemas como os manguezais não são apenas protegidos — eles são incorporados às estratégias de mitigação e adaptação climática, reconhecendo sua capacidade excepcional de sequestro de carbono. O protagonismo das comunidades tradicionais, como os catadores de caranguejo e guaiamum, fortalece um modelo de sustentabilidade que respeita a cultura local e combate a desigualdade. Eles são, para mim, guardiões essenciais do nosso futuro verde.
A economia circular também ganha força, com iniciativas de logística reversa, reciclagem avançada e reaproveitamento de resíduos. No campo, vejo práticas agrícolas regenerativas — como compostagem, plantio direto e rotação de culturas — revitalizando nossos solos, aumentando a resiliência hídrica e promovendo segurança alimentar. São ações que não apenas reduzem emissões, mas também geram renda, emprego e estabilidade econômica para nossa gente.
O Pernambuco Carbon Summit 2025, que sediamos em Recife nos dias 27 e 28 de maio, representa, para mim, o centro de gravidade desse processo de transformação. O evento tem um papel central na construção de uma governança climática integrada, funcionando como um hub de articulação que gera impacto real para o estado. Acredito que, a partir dos encontros promovidos ali, nascerão as parcerias, planos de ação e investimentos que moldarão o futuro verde que estamos construindo.
Essas ações se inserem no contexto do Plano Estadual de Descarbonização, que prevê, até 2050, um aumento de 6% no PIB local, a criação de mais de 100 mil empregos verdes e a movimentação de mais de R$ 20 bilhões em investimentos sustentáveis. O que está em jogo, na minha visão, não é apenas a redução de emissões, mas a construção de uma nova lógica de desenvolvimento, baseada em cooperação, inovação e responsabilidade compartilhada.
Mais do que um destaque regional, Pernambuco surge, aos meus olhos, como um exemplo nacional. Mostrando que é possível enfrentar a crise climática com soluções práticas, adaptadas ao nosso território, e com capacidade de gerar valor tanto para as empresas quanto para os cidadãos. O que estamos ajudando a construir em Pernambuco serve de inspiração para outras unidades da federação que buscam caminhos viáveis, eficazes e inclusivos para a transição ecológica.
O sucesso pernambucano, sinto, não depende apenas de tecnologia ou investimentos. Ele depende, principalmente, da capacidade de articular vontades em torno de um propósito comum. Quando isso acontece, os resultados aparecem: emissões caem, empregos crescem, comunidades se fortalecem, e o meio ambiente ganha fôlego.
O desafio climático é urgente, sim, mas as respostas já estão sendo escritas com sotaque nordestino, com as mãos hábeis de quem vive o território e com mentes voltadas para o futuro. Acredito que o Brasil tem muito a aprender com Pernambuco. E, mais importante, muito a ganhar ao seguir esse exemplo.
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O PERNAMBUCO CARBON SUMMIT será realizado dias 27 e 28 de maio de 2025, no Solar do Douro Eventos, espaço que fica localizado dentro do JCPM Trade Center.
Endereço: Av. Engenheiro Antônio de Góes, 60 – Recife-PE, CEP 51.010-000