Skip to main content

O papel das ONGs na educação ambiental

A educação ambiental tem se consolidado como uma ferramenta fundamental para enfrentar os desafios socioambientais do século XXI. Ela vai muito além da simples transmissão de informações sobre meio ambiente: trata-se de um processo contínuo de formação de valores, atitudes e comportamentos voltados para a conservação do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais. 

“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.” (Paulo Freire)

Nesse contexto, as Organizações Não Governamentais (ONGs) desempenham um papel estratégico, pois atuam em diversas frentes com capacidade de adaptação, inovação e mobilização social, especialmente em cenários onde o Estado é ausente ou ineficaz. 

A crise ambiental global, marcada por mudanças climáticas, degradação dos ecossistemas, escassez hídrica e perda de biodiversidade, exige respostas urgentes e estruturadas. Diversos estudos científicos mostram que essas problemáticas são causadas em grande parte por atividades humanas insustentáveis, e que soluções duradouras só podem ser alcançadas por meio da mudança de comportamento em escala coletiva. A educação ambiental, nesse sentido, se torna um dos pilares para a construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com o futuro do planeta.

De acordo com Audrey Azoulay – Diretora Geral da UNESCO (UNESCO, 2021) “a educação pode ser uma ferramenta poderosa para transformar nossa relação com a natureza. Devemos investir neste campo para preservar o planeta”. Ela deve promover uma compreensão profunda das interações entre seres humanos e natureza, incentivando ações que respeitem os limites ecológicos e a justiça social. Além disso, evidências da psicologia educacional e das neurociências indicam que abordagens educativas que envolvem a emoção, o diálogo e a realidade local são mais eficazes em gerar mudanças duradouras do que métodos unilaterais e puramente informativos. Dessa forma, programas educativos de longa duração, com envolvimento comunitário, têm maior potencial de impactar positivamente a vida das pessoas. 

É justamente aí que as ONGs se destacam. Elas possuem maior liberdade para inovar e adaptar seus métodos conforme as necessidades dos públicos atendidos. Estão mais próximas das realidades locais e, muitas vezes, atuam onde o poder público não alcança. Além disso, conseguem estabelecer parcerias com universidades, escolas, empresas e outras instituições da sociedade civil, formando redes colaborativas que fortalecem suas ações.

No Brasil, a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/1999) reconhece a importância da sociedade civil organizada, incluindo ONGs, como agentes fundamentais na promoção da educação ambiental, tanto em espaços formais (como escolas) quanto não formais (como comunidades, centros culturais, feiras e mídias). Um exemplo notável dessa atuação é o Instituto Água Sustentável - IAS. Com foco na valorização e preservação da água como recurso vital, o IAS desenvolve projetos educativos que unem ciência, arte, cultura e participação social. 

O IAS atua com a missão de promover o uso consciente e responsável da água e acabar com o mal uso da água, fortalecendo a cultura da sustentabilidade hídrica no Brasil. Entre suas principais iniciativas, destaca-se o projeto Professor Água Responde, este projeto se destaca por abordar um problema comum: a falta de conteúdos informativos que retenha a atenção das crianças e despertem sua curiosidade sobre temas ambientais. O projeto resolve essa questão ao produzir vídeos que explicam conceitos complexos de forma acessível e divertida, garantindo que as crianças não apenas compreendam, mas também se interessem pela importância da água em suas vidas. Ao tornar o aprendizado divertido, esses vídeos incentivam as crianças a internalizar práticas sustentáveis desde cedo, formando hábitos que podem levar para a vida adulta. 

O sucesso do "Professor Água Responde" demonstra que é possível educar e conscientizar de maneira eficaz, utilizando o poder dos meios audiovisuais para alcançar e engajar um público amplo e diversificado.

Saiba mais em: https://materiais.aguasustentavel.org.br/pa-responde

 

Um outro projeto que promove a educação ambiental e desperta um olhar para a conservação da água é o “Professor Água: O Musical”, o projeto é um musical com atores cantores, bailarinos e uma orquestra com 40 componentes. O projeto une cultura e educação para despertar a conscientização sobre a água. É um espetáculo divertido e cheio de inspiração. Saiba mais em: 

https://www.professoraguamusical.com

Outra frente relevante do Instituto é a educação básica. O IAS desenvolve oficinas, atividades práticas, materiais pedagógicos e conteúdos audiovisuais voltados a estudantes e professores, abordando temas como o ciclo da água, bacias hidrográficas, consumo consciente, saneamento e mudanças climáticas. Esses conteúdos são pensados para dialogar com o currículo escolar, apoiando educadores e estimulando os alunos a refletirem sobre sua relação com a água no cotidiano. Além disso, o Instituto Água Sustentável realiza programas de capacitação de multiplicadores, como educadores ambientais, líderes comunitários, produtores rurais e jovens agentes da transformação. Esses programas seguem metodologias participativas, promovendo a escuta ativa, a valorização do conhecimento local e o estímulo à ação coletiva. 

O IAS também é coordenador da Câmara Técnica de Educação Ambiental da Bacia Hidrográfica do Alto Paranapanema, mostrando assim o seu compromisso com a sociedade e o meio ambiente.

O grande diferencial dos projetos do IAS está em seu compromisso com a continuidade. Eles não são ações pontuais, mas iniciativas de médio e longo prazo que visam construir vínculos duradouros com as comunidades atendidas. Isso favorece a apropriação dos conteúdos pelos participantes e estimula a criação de soluções locais para problemas ambientais.

Para que projetos de educação ambiental realmente façam a diferença, é fundamental que sejam enraizados nas comunidades, construídos com participação ativa e contínua, integrados ao cotidiano das pessoas. É igualmente importante que haja avaliação constante de resultados, flexibilidade para adaptação de estratégias e a busca por inovação nos formatos de comunicação. O uso de mídias digitais, narrativas visuais, linguagem acessível e canais de interação com o público ampliam significativamente o alcance e a efetividade das mensagens ambientais. O Instituto Água Sustentável tem conseguido equilibrar todos esses elementos, atuando com seriedade técnica, sensibilidade social e visão estratégica. Seu trabalho mostra que é possível transformar a relação das pessoas com a água — e com o meio ambiente de forma mais ampla — por meio de uma educação que inspira, conecta e mobiliza.

Diante do cenário atual, o papel das ONGs na educação ambiental se torna ainda mais crucial. Elas representam uma força viva da sociedade civil na construção de um mundo mais justo, resiliente e sustentável. Em tempos de emergência climática e hídrica, iniciativas como as do IAS são mais do que necessárias: são fundamentais para garantir que as futuras gerações herdem um planeta habitável e saudável, e acima de tudo faz com que essas gerações sejam a realizadoras de ações que fazem a diferença positiva para o meio ambiente, em especial a água.

A transformação começa com a informação, mas só se concretiza com a ação. E a educação ambiental é o elo que conecta esses dois mundos — o do saber e o do fazer.